Arranjos Experimentais Criativos em Cultura Digital

Estudo desenvolvido em 2014 por Felipe Schmidt Fonseca e Luciana Fleischman sobre arranjos experimentais criativos em Cultura Digital para o Ministério da Cultura do Brasil (Coordenação-Geral de Cultura Digital).

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Resumo automático (adicionado em 2025):

Contexto da Pesquisa

O contexto desta pesquisa é a análise e o fomento de arranjos criativos e experimentais no campo da cultura digital no Brasil. O estudo, encomendado em 2014 pela Coordenadoria-Geral de Cultura Digital do Ministério da Cultura, busca compreender os modos de produção que se situam na fronteira entre arte, ciência, tecnologia, ativismo e educação.

A pesquisa parte de um histórico específico das políticas públicas brasileiras, especialmente o papel simbólico e estrutural assumido pelo Ministério da Cultura a partir de 2003 com o programa Cultura Viva e a Estratégia de Cultura Digital. Esse período viu o desenvolvimento de uma cultura digital com características brasileiras, influenciada pela “gambiarra” e pelo “mutirão”, e pelo engajamento em debates sobre software livre e licenças abertas.

No entanto, o estudo também reconhece uma fragmentação e falta de continuidade nas políticas públicas para a área, com a descontinuidade de editais e programas importantes. Essa inconstância cria um cenário de insegurança para artistas, pesquisadores e produtores, dificultando o planejamento de ações de longo prazo.

Diante desse cenário, a pesquisa propõe o conceito de uma “cultura da abertura”. Essa abordagem iria além da “cultura livre” (focada no licenciamento de produtos acabados), sugerindo que a intenção de abertura e o compartilhamento amplo sejam princípios fundamentais em todas as etapas do processo criativo: concepção, produção, disponibilização e circulação.

O objetivo final do estudo é oferecer recomendações e estratégias concretas para a implementação de políticas públicas que apoiem essa cultura de abertura. Isso inclui a criação de uma rede de laboratórios experimentais, o fomento a residências, intercâmbios e a criação de uma infraestrutura digital para documentação. A pesquisa busca alinhar essas propostas às diretrizes do Plano Nacional de Cultura (PNC) e ao trabalho do Colegiado Setorial de Arte Digital, para que as ações sejam estruturantes e sustentáveis.

Estrutura do Estudo em 3 Partes

Parte I: Mapeamento

Função: Análise de contexto e mapeamento de iniciativas.

A primeira parte do estudo, intitulada “Mapeamento: Arranjos Experimentais Criativos em Cultura Digital”, serve como alicerce para toda a pesquisa. O documento oferece uma análise aprofundada do histórico e do cenário atual da cultura digital, com foco especial no contexto brasileiro a partir de 2003. O seu principal objetivo é mapear e detalhar oito iniciativas de laboratórios experimentais no Brasil, na América Latina e em outras partes do mundo, apresentando exemplos como a Nuvem (Brasil), o Medialab Prado (Espanha) e a House of Natural Fiber (Indonésia). Este documento inicial estabelece as bases para a pesquisa, introduzindo o conceito de uma “cultura da abertura” como um caminho para o desenvolvimento de políticas públicas na área.

Parte II: Estratégias

Função: Aprofundamento qualitativo e proposição de estratégias.

O segundo produto avança da análise para a proposição, apresentando um aprofundamento qualitativo sobre os modelos de laboratórios experimentais. Baseando-se em entrevistas aprofundadas com atores-chave do cenário, como Lucas Bambozzi e Pedro Soler, e na análise de registros do encontro Redelabs de 2010, o documento oferece recomendações para a formulação de políticas públicas. São detalhadas estratégias concretas que abordam a necessidade de uma infraestrutura digital para documentação e publicação, a criação de um “Meta-Laboratório” para articulação e mapeamento contínuo, e o fomento a um circuito de ocupações culturais, residências artísticas e intercâmbios.

Parte III: Implementação

Função: Conexão das propostas com as políticas públicas brasileiras.

A terceira e última parte do estudo conclui a pesquisa conectando as propostas conceituais e estratégicas das fases anteriores com as estruturas de políticas públicas existentes no Brasil. O documento dialoga diretamente com o Sistema Nacional de Cultura (SNC) e o Plano Nacional de Cultura (PNC), analisando suas metas e o papel do Colegiado Setorial de Arte Digital. Aborda desafios cruciais como a necessidade de continuidade nas políticas de fomento e a tensão entre os campos da “arte digital” e “cultura digital”. Ao final, consolida as recomendações em estratégias para uma “Cultura Digital da Abertura”, visando subsidiar a implementação de uma rede de laboratórios experimentais em diálogo com as diretrizes culturais do país.